sábado, 16 de março de 2013

Divindade do Pai e do Filho indicada em João 17:3

Não raro os Testemunhas de Jeová (TJ) pinçam um trecho da Oração Sacerdotal de Jesus Cristo (Evangelho segundo João, capítulo 17), como prova definitiva de que só Jeová é Deus verdadeiro.

Eles se baseiam na sua própria tradução (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas - TNM) e se baseiam ainda em várias traduções outras da Bíblia em português, em inglês e em espanhol, além de provavelmente nos demais idiomas, pois todas essas dizem algo como, por exemplo, "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste." (João 17:3, na Tradução de João Ferreira de Almeida (JFA) Revisada - vide http://www.bibliaonline.com.br ).

A partir daí, os TJ concluem que Jesus Cristo não é Deus como o Pai, negando assim a plena divindade do Filho afirmada em outras partes da Bíblia Sagrada, inclusive no mesmo evangelho, como por exemplo 1:1-14 e 5:17-27. Se este entendimento merecesse prevalecer, a Bíblia seria contraditória.

Pessoalmente, tenho adotado e vivido um princípio que tem me ajudado em dificuldades assim.

"A Bíblia é a Palavra de Deus, logo é verdadeira, é perfeita e é totalmente coerente internamente. Se a interpretação que faço faz a Bíblia parecer contraditória, eu é que estou errado !!!"

Na verdade, o esclarecimento desta aparente contradição surge quando o estudante pesquisa a Bíblia nas línguas originais em que ela foi escrita. O auxílio humano ideal nesse sentido é uma tradução interlinear feita palavra por palavra, que indique para cada termo seu significado principal (e outras traduções variantes).

Por um lado, a tradução interlinear da Bíblia pela Sociedade Bíblica Brasileira dá em português o já conhecido texto de JFA Revista e Atualizada, sem acrescentar nada de novo a este estudo.

Por outro lado, a pesquisa mostrou que existe uma outra tradução, que desta vez compatibiliza plenamente Jo 17:3 com a divindade de Jesus confessada por outras passagens da Bíblia. Essa tradução é a seguinte:

 
Fonte: LUZ, Waldyr Carvalho. Novo Testamento Interlinear. São Paulo: Hagnos, 2010, p. 356

Então, no texto original em grego koiné, nessa parte de sua oração, Jesus, que é 100% Deus e 100% homem, está dizendo humildemente ao Pai que este é "só Deus verdadeiro", não negando que ele, Jesus, seja também Deus verdadeiro, mas reconhecendo ser também humano (veja Fp 2:1-11).

Dessa forma, essa oração mostra adequadamente a divindade do Pai, sem negar a mesma divindade do Filho (ver a glória tratada em Jo 17:5) ao mesmo tempo em que reconhece que este Filho tem também 100% de humanidade, iniciada com sua encarnação como filho biológico do Espírito Santo do Pai e de Maria.   

Louvado seja Deus Pai, Filho e Espírito Santo !!!

PS - para um adequado entendimento sobre a Trindade, veja

"Deus em Três Pessoas: a Trindade
A Doutrina da Trindade Revela-se progressivamente nas Escrituras. Podemos definir a doutrina da Trindade do seguinte modo: Deus existe eternamente como três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, e cada pessoa é plenamente Deus, e existe só um Deus.
Três Declarações que Resumem o Ensino Bíblico
a. Deus é três pessoas. b. Cada pessoa é plenamente Deus. c. Há só um Deus.
(...)
Quais as distinções entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo?
1. As pessoas da Trindade têm funções primordiais diferentes em relação ao mundo.
Quando as Escrituras abordam o modo como Deus se relaciona com o mundo, tanto na criação quanto na redenção, afirmam que as pessoas da Trindade têm funções ou atividades primordiais diferentes. Isso já foi chamado de “economia da Trindade”, sendo o termo economia usado no sentido obsoleto de “ordenamento de atividades”.
2. As pessoas da Trindade existem eternamente como o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Não, não parece possível que essas coisas pudessem ocorrer, pois o papel de comandar, dirigir e enviar é apropriado à posição do Pai, segundo a qual se molda toda paternidade humana (Ef 3.14-15). E o papel de obedecer, partindo quando o Pai o envia e revelando Deus a nós, é apropriado ao papel do Filho, que é chamado Verbo de Deus (cf. Jo 1.1-5, 14, 18; 17.4; Fp 2.5-11). Esses papéis não poderiam ter sido trocados, senão o Pai deixaria de ser o Pai, e o Filho deixaria de ser o Filho. E, por analogia com essa relação, podemos concluir que o papel do Espírito Santo é igualmente apropriado à relação que ele já tinha com o Pai e o Filho antes que o mundo fosse criado. Essas relações são eternas, e não algo que ocorreu somente no tempo. Podemos deduzir isso primeiramente da imutabilidade de Deus (ver capítulo 11): se Deus existe hoje como Pai, Filho e Espírito Santo, então ele sempre existiu como Pai, Filho e Espírito Santo.
3. Qual a relação entre as três pessoas e o ser de Deus?
Primeiro, é importante afirmar que cada pessoa é completa e plenamente Deus; ou seja, que cada pessoa tem em si a absoluta plenitude do ser divino. Por outro lado, precisamos dizer que as pessoas são reais, que não são apenas modos diferentes de enxergar o ser único de Deus. (...)
4. Será que podemos compreender a doutrina da Trindade?
Certamente podemos compreender e saber que Deus é três pessoas, e que cada pessoa é plenamente Deus, e que só há um Deus. Podemos saber essas coisas porque a Bíblia as ensina. Além disso, podemos saber algumas coisas acerca do modo como as pessoas se relacionam umas com as outras. Mas o que não podemos compreender plenamente é como encaixar esses diferentes ensinamentos bíblicos. Perguntamo-nos como pode haver três pessoas distintas, como cada pessoa pode conter em si a totalidade do ser divino, e como, apesar disso, Deus é um ser único e indiviso. Isso não somos capazes de compreender. De fato, nos é espiritualmente saudável reconhecer abertamente que o ser divino em si é tão imenso que jamais poderemos vir a compreendê-lo. Isso nos humilha diante de Deus e leva-nos a adorá-lo sem reservas.
Mas também é preciso dizer que as Escrituras não nos pedem que creiamos numa contradição. Contradição seria dizer: “só existe um único Deus e não existe um único Deus” ou “Deus é três pessoas e Deus não é três pessoas” ou mesmo (semelhante à afirmação precedente) “Deus é três pessoas e Deus é uma pessoa”." (GRUDEM, Wayne. "Teologia sistemática atual e exaustiva". São Paulo: Vida Nova. 1999. p. 448 e resumo feito pelo próprio autor).

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

São Jorge: A historia verdadeira.

Hermes C. Fernandes
Em torno do século III D.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge de Anicii. Filho de pais cristãos, converteu-se a Cristo ainda na infância, quando passou a temer a Deus e a crer em Jesus como seu único e suficiente salvador pessoal. Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe, após a morte de seu pai. Tendo ingressado para o serviço militar, distinguiu-se por sua inteligência, coragem, capacidade organizativa, força física e porte nobre. Foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade.

Tantas qualidades chamaram a atenção do próprio Imperador, que decidiu lhe conferir o título de Conde. Com a idade de 23 anos passou a residir na corte imperial em Roma, exercendo altas funções. Nessa mesma época, o Imperador Diocleciano traçou planos para exterminar os cristãos. No dia marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e afirmou que os os ídolos adorados nos templos pagãos eram falsos deuses. Todos ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da suprema corte romana, defendendo com grande coragem sua fé em Jesus Cristo como Senhor e salvador dos homens.

Indagado por um cônsul sobre a origem desta ousadia, Jorge prontamente respondeu-lhe que era por causa da VERDADE. O tal cônsul, não satisfeito, quis saber: "O QUE É A VERDADE?". Jorge respondeu: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de meu redentor Jesus Cristo, e nEle confiado me pus no meio de vós para dar testemunho da Verdade." Como Jorge mantinha-se fiel a Jesus, o Imperador tentou fazê-lo desistir da fé torturando-o de vários modos. E, após cada tortura, era levado perante o Imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para adorar os ídolos. Porém, este santo homem de DEUS jamais abriu mão de suas convicções e de seu amor ao SENHOR Jesus. Todas as vezes em que foi interrogado, sempre declarou-se servo do DEUS Vivo, mantendo seu firme posicionamento de somente a Ele temer e adorar.

Em seu coração, Jorge de Capadócia discernia claramente o própósito de tudo o que lhe ocorria: “... vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome. Isso vos acontecerá para que deis testemunho”. (Lucas 21.12:13 – Grifo nosso). A fé deste servo de DEUS era tamanha que muitas pessoas passaram a crer em Jesus e confessa-lo como SENHOR por intermédio da pregação do jovem soldado romano. Durante seu martírio, Jorge mostrou-se tão confiante em Cristo Jesus e na obra redentora da cruz, que a própria Imperatriz alcançou a Graça da salvação eterna, ao entregar sua vida ao SENHOR. Seu testemunho de fidelidade e amor a DEUS arrebatou uma geração de incrédulos e idólatras romanos.
 
Por fim, Diocleciano mandou degolar o jovem e fiel discípulo de Jesus, em 23 de abril de 303. Logo a devoção a “São” Jorge tornou-se popular. Celebrações e petições a imagens que o representavam se espalharam pelo Oriente e, depois das Cruzadas, tiveram grande entrada no Ocidente. Além disso, muitas lendas foram se somando a sua história, inclusive aquela que diz que ele enfrentou e amansou um dragão que atormentava uma cidade...

Em 494, a idolatria era tamanha que a Igreja Católica o canonizou, estabelecendo cultos e rituais a serem prestados em homenagem a sua memória. Assim, confirmou-se a adoração a Jorge, até hoje largamente difundida, inclusive em grandes centros urbanos, como a cidade do Rio de Janeiro, onde desde 2002 faz-se feriado municipal na data comemorativa de sua morte.

Jorge é cultuado através de imagens produzidas em esculturas, medalhas e cartazes, onde se vê um homem vestindo uma capa vermelha, montado sobre um cavalo branco, atacando um dragão com uma lança. E ironicamente, o que motivou o martírio deste homem foi justamente sua batalha contra a adoração a ídolos...

Apesar dos engano e da cegueira espiritual das gerações seguintes, o fato é que Jorge de Capadócia obteve um testemunho reto e santo, que causou impacto e ganhou muitas almas para o SENHOR. Por amor ao Evangelho, ele não se preocupou em preservar a sua própria vida; em seu íntimo, guardava a Palavra: “ ...Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Filipenses 1.20). Deste modo, cumpriu integralmente o propósito eterno para o qual havia nascido: manifestou o caráter do SENHOR e atraiu homens e mulheres para Cristo, estendendo a salvação a muitos perdidos.

Se você é devoto deste celebrado mártir da fé cristã, faça como ele e atribua toda honra, glória e louvor exclusivamente a Jesus Cristo, por quem Jorge de Capadócia viveu e morreu. Para além das lendas que envolvem seu nome, o grande dragão combatido por ele foi a idolatria que infelizmente hoje impera em torno de seu nome.


Fonte: http://www.genizahvirtual.com/2012/04/sao-jorge-historia-verdadeira.html#ixzz2GmKF0hl7
Acesso em 01/01/2013